quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Vá, Sara, vá!

Sara seria o nome que eu teria se eu não tivesse o nome que tenho.

Sara seria artista. Talvez dançarina, talvez musicista, talvez fotógrafa, talvez arquiteta, talvez escritora. Talvez nada, mas com certeza tudo.

Sara é futuro do pretérito, qualquer coisa que não presente.

Ausente. Sara não nasceu, quem nasceu fui eu.

Signo virgem. Indignada com a injustiça social. Advogada não exercente. Burocrata. Servidora de um estado que não representa ninguém. Brasiliense. Trintona. Habitante de todos os quadradinhos possíveis, inclusive um apartamento financiado em mais trinta anos. No norte. Perdida.

Trocaria tudo para ser Sara. Ascendente aquário. Tentei a vida toda e todas as vidas. Quem é bom em tudo não é bom em nada. Quando muito fui Maria.

Mas Sara não me deixa desistir. E é cada dia mais insistente.

Ainda bem: nos momentos de fraqueza, Sara é que me salva, me dá forças do além, me liga a este mundo e a mim. Me energiza, me realiza, minha realeza, minha fortaleza.

Essa é uma tentativa de parir a Sara, que segue dentro de mim. 

Na pior das hipóteses, será minha cria. Pra quem eu darei minha própria vida sem graça. 
Na melhor das hipóteses, será minha criação. Para que eu transforme a minha própria vida em graça.

Vá, Sara vá, apareça minha filha. Não sou nada sem você.

Saravá:
“SA— (Força, Senhor) —RA— (Reinar, Movimento) —VÁ (Natureza, Energia).
Saravá significa então a força que movimenta a natureza. Esse termo é, portanto, um mantra que pode fixar ou dissipar determinadas vibrações, não sendo, portanto aconselhável pronunciá-lo sem a devida necessidade.
Saravá também é utilizada como uma saudação possuindo o sentido de "Salve sua força!", da força de deus e da natureza que estão dentro da pessoa, como no mantra indiano namastê, que significa: o Deus que tem dentro de mim, saúda o deus que tem dentro de você”. (Wikipedia, carência de fonte)
__
Vá, Sara, vá. A recriação de si mesmo não pode ser eterna. Tem que ser hoje. Urge. 
Surge Sara.
__

"Treina-te a pensar em dois mundos ao mesmo tempo, de duas maneiras diferentes. Diz para contigo mesmo que, à noite, o adormecido observa os seus sonhos, mas uma vez acordado são os sonhos que o seguem e se metem na sua vida. Tenta modificar a tua percepção e verá o mundo com olhos mágicos". Bourre, Jean-Paul (org.) (2000), Sabedoria Ameríndia. Lisboa: Pergaminho